quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A fascinante São Paulo

São Paulo é uma cidade fascinante pelos sentimentos e pelas ações das pessoas que nela vivem.




São Paulo na visão de Washington Olivetto.


Alguns dos meus queridos amigos cariocas têm mania de achar São Paulo parecida com Nova York. Discordo deles. Só acha São Paulo parecida com Nova York quem não conhece bem a cidade. Ou melhor, quem a conhece superficialmente e imagina que São Paulo seja apenas uma imensa Rua Oscar Freire. Na verdade, o grande fascínio de São Paulo é parecer-se com muitas cidades ao mesmo tempo e, por isso mesmo, não se parecer com nenhuma. São Paulo, entre muitas outras parecenças, se parece com Paris no Largo do Arouche, Salvador na Estação do Brás, Tóquio na Liberdade, Roma ao lado do Teatro Municipal, Munique em Santo Amaro, Lisboa no Paris, com o Soho londrino na Vila Madalena e com a pernambucana Olinda na Freguesia do Ó. São Paulo é um somatório de qualidades e defeitos, alegrias e tristezas, festejos e tragédias. Tem hotéis de luxo, como o Fasano, o Emiliano e o L'Hotel, mas também tem gente dormindo embaixo das pontes. Tem o deslumbrante pôr-do-sol do Alto de Pinheiros e a exuberante vegetação da Cantareira, mas também tem o ar mais poluído do país. Promove shows dos Rolling Stones e do U2, mas também promove acidentes como o da cratera do metrô e o do avião da TAM em Congonhas. São Paulo é sempre surpreendente. Um grupo de meia dúzia de paulistanos significa um italiano, um japonês, um baiano, um chinês, um curitibano e um alemão. São Paulo é realmente curiosa. Por exemplo: tem diversos grandes times de futebol, sendo que um deles leva o nome da própria cidade e recebeu o apelido 'o mais querido'. Mas, na verdade, o maior e o mais querido é o Corinthians, que tem nome inglês, fica perto da Portuguesa e foi fundado por italianos, igualzinho ao seu inimigo de estimação, o Palmeiras. São Paulo nasceu dos santos padres jesuítas, em 1554, mas chegou a 2007 tendo como celebridade o permissivo Oscar Maroni, do afamado Bahamas. São Paulo já foi chamada de 'o túmulo do samba' por Vinicius de Moraes, coisa que Adoniran Barbosa, Paulo Vanzolini e Germano Mathias provaram não ser verdade, e, apesar da deselegância discreta de suas meninas, corretamente constatada por Caetano Veloso, produziu chiques, como Dener Pamplona de Abreu e Gloria Kalil. São Paulo faz pizzas melhores que as de Nápoles, sushis melhores que os de Tóquio, lagareiras melhores que as de Lisboa e pastéis de feira melhores que os de Paris, até porque em Paris não existem pastéis, muito menos os de feira. Em alguns momentos, São Paulo se acha o máximo, em outros um horror. Nenhum lugar do planeta é tão maniqueísta. São Paulo teve o bom senso de imitar os botequins cariocas, e agora são os cariocas que andam imitando as suas imitações paulistanas. São Paulo teve o mau senso de ser a primeira cidade brasileira a importar a CowParade, uma colonizada e pavorosa manifestação de subarte urbana, e agora o Rio faz o mesmo. São Paulo se poluiu visualmente com a Cow Parade, mas se despoluiu com o Projeto Cidade Limpa. Agora tem de começar urgentemente a despoluir o Tietê para valer, coisa que os ingleses já provaram ser perfeitamente possível com o Tâmisa. Mesmo despoluindo o Tietê, mantendo a cidade limpa, purificando o ar, organizando o mobiliário urbano, regulamentando os projetos arquitetônicos, diminuindo as invasões sonoras e melhorando o tráfego, São Paulo jamais será uma cidade belíssima. Porque a beleza de São Paulo não é fruto da mamãe natureza, é fruto do trabalho do homem. Reside, principalmente, nas inúmeras oportunidades que a cidade oferece, no clima de excitação permanente, na mescla de raças e classes sociais. São Paulo é a cidade em que a democratização da beleza, fenômeno gerado pela miscigenação, melhor se manifesta. São Paulo é uma cidade em que o corpo e as mãos do homem trabalharam direitinho, coisa que se reconhece observando as meninas que circulam pelas ruas. E se confirma analisando obras como o Pátio do Colégio (local de fundação da cidade), a Estação da Luz (onde hoje fica o Museu da Língua Portuguesa), o Mosteiro de São Bento, a Oca, no Parque do Ibirapuera, o Terraço Itália, a Avenida Paulista, o Sesc Pompéia, o palacete Vila Penteado, o Masp, o Memorial da América Latina, a Santa Casa de Misericórdia, a Pinacoteca e mais uma infinidade de lugares desta cidade que não pode parar, até porque tem mais carros do que estacionamentos. São Paulo não é geograficamente linda, não tem mares azuis, areias brancas nem montanhas recortadas. Nossa surfista mais famosa é a Bruna, e nossos alpinistas, na maioria, são sociais. Mas, mesmo se levarmos o julgamento para o quesito das belezas naturais, São Paulo se dá mundialmente muito bem por uma razão tecnicamente comprovada. Entre as maiores cidades do mundo, como Tóquio, Nova York e Cidade do México, em matéria de proximidade da beleza, São Paulo é, disparado, a melhor. Porque é a única que fica a apenas 45 minutos de vôo do Rio de Janeiro. O mais importante é que com essa distância nenhuma bala perdida pode alcançar São Paulo !


Washington Olivetto é paulista, paulistano e publicitário

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Borboletas na barriga me fazem sentir viva


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Borboletas na Barriga


Eu tenho me sentido estranha , esquisita e um tanto perdida.Vem a vontade de chorar mas não choro.

Faço esforço para conseguir manter meus pés no chão , mas é tanto complicado pois descobri que sou melhor voando.

Venho me dedicando ao trabalho como uma valvula de escape.

Ontem assiste o filme "Sete Vidas" e este filme foi feito , inegavelmente, para arrancar lágrimas.

E conta a história do misterioso Ben Thomas, um fiscal do imposto de renda que apresenta comportamento bem fora do comum. Ele seleciona uma lista de pessoas em débito com o fisco e as segue, observando-as na vida pessoal e profissional, para saber se merecem a mudança de vida que ele pretende para elas ou não.

Vai ocupar toda a sua atenção a moça Emily Posa, que luta contra uma deficiência cardíaca congênita e a colocou na fila de um transplante de coração. Por essa dificuldade, acabou devendo mais de US$ 56.000,00 ao fisco e Ben lhe oferece um adiamento de seis meses para o pagamento. E não para por aí, tornando-se um verdadeiro anjo para ela.
Ele guarda um grande segredo no passado, que o levou a um estranho pacto com um amigo e a água-viva que Ben põe no próprio quarto, num aquário, não é apenas parte da decoração. Inclusive a água viva tem um papel super importante na trama do filme, portanto merece uma atenção especial do espectador.



Este filme fez-me repletir muito , sinto que preciso passar uns tempos sozinha.Queria um ano de folga .Eu tirei um mês de férias e não fiz nada.Então não valeu.Sinto falta de sintir o frio na barriga. Aquele sentimento de borboletas na barriga...


Você engole borboletaseu

tenho o sol na barriga

Você sempre anda de óculo seu leio coisas antigas

Você vara a noiteeu

desenho cataventos

Você gosta de ficção

eu tenho outros inventos

Você anda desligado

e eu busco perspectivas

Você me conta seus sonhos

e me ri e me cativa

Eu tenho medo da noite

Você ama a solidão

o meu amor se refletenas pupilas dos olhos de um cão

Você teoriza a matériae eu adoro hidrantes

Você quer a liberdade

e eu só vivo o instanteA gente faz uma viagem

e vê estrelas cadentes

e eu sonho um mar onde nado

e me afundo contro a corrente

Você geme e se revolta

e eu penso no seu beijo

e enquanto você conversam

e dói no corpo o desejo

me arde no corpo o desejo

eu me espreguiço me espicho

e me chego e te provoco

meio anjo meio bicho

Você me conta um segredo

eu te mostro um encanto

enquanto você toca flauta

desafinado eu canto

Você absorve a paisagem

eu procuro a maravilha

Você deixa alguns vestígios

e eu vou seguindo a trilha

Você fala em liberdade

e eu me prendo no teu traço

você é abstrato divaga

eu te olho e te embaraço

Ando na rua devagar

Você corre na avenida

Você tem melancolia

eu tenho medo da vida

Você fala ao telefone

cercado dos seus amigos

eu passo os dias muito só

e só entendo depois que digo

De repente vem o encontro

sem que a gente entenda o nexo

eu te vejo e me compreendo

e me vejo em teu reflexo

Eu te transmito fluidos

de uma forte ligaçãoe recebo uma corrente

quando pego na tua mão

Você tem um magnetismo

eu sou dotado à magia

nossas auras se atraem

por uma questão de energia

Você cospe margaridas

tem o mundo nas entranhas

eu fico horas olhando

o orvalho na teia de aranha

E a gente se precisa

como a um aditivo

numa coisa estranha a nós

sem razão e sem motivo

São coisas transcendentais

é inútil que eu lhe diga

Você engole borboletas

eu tenho o sol na barriga.


Bruna Lombardi